Crise climática e procriação
Hádias um amigo indagou: - “Por que uma Secretaria de Mudanças Climáticas naPrefeitura de São Paulo?”.
Respondia ele que o maior perigo hoje interposto à continuidade da vida é a mudançaclimática. Se a questão ainda não é de domínio público, por ignorância, inérciaou comodismo, ela está em vias de sê-lo. Pois ninguém conseguirá fugir aoenfrentamento.
Mudançaclimática interfere com tudo. Não é apenas com a morte da natureza. Antesdisso, ela causa prejuízos econômicos, afeta a produção de alimentos, acaba como turismo, ceifa vidas.
Atécontribui para a convicção de muitos adultos de que não vale a pena ter filhosneste planeta cada vez mais inóspito e que em breve se tornará inabitável.
MichaelKepp, jornalista americano radicado no Brasil, escreveu na FSP em 11.2.24: “Pergunto-mecomo é que os casais que desejam ter filhos lidam com o fato de que seusdescendentes herdarão um planeta cada vez mais quente e cheio de catástrofesclimáticas”.
Asestatísticas contradizem os céticos. O mundo não tem condições de “se curar”sozinho. Ele foi ferido de morte por esta raça que se considera racional. E,apesar de tantos avisos, de tantas advertências e da conclamação da ciência aque nos convertamos e mudemos nossos hábitos de consumo, continuamos na insanaemissão de gases causadores do efeito-estufa.
Ascrianças continuam a nascer e seus pais, aparentemente, não se preocupam com asmudanças climáticas. Deveriam refletir sobre o que diz Michael Kepp: “Devotrazer para o mundo uma criança que, quando envelhecer, terá que enfrentar umclima tão caótico que fará com que ela e todos os outros seres vivos soframmuito, talvez insuportavelmente?”.
Ouserá que os pais terão de ouvir de sua prole o dolorido desabafo: “Pai, já quenão pedi para nascer e você sabia que este mundo iria se tornar cada vez maisinabitável, por que me colocou neste planeta infernal?”.
Nãofaltam avisos. O Secretário-Geral da ONU afirmou que já começou a era daebulição e que estamos no cursinho para o Inferno...
José Renato Nalini é Reitor daUNIREGISTRAL, docente da Pós-graduação da UNINOVE e Secretário-Executivo dasMudanças Climáticas de São Paulo.
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