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Santa Bárbara,16/09/2024

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Terror infantil

Terror infantil

Nossaera está vivendo um verdadeiro apocalipse climático. Quem diria que o RioGrande do Sul enfrentaria catástrofes de tamanha dimensão? O pior, é que issopode acontecer de novo e em qualquer lugar do mundo. Inclusive no Brasil.

  

Nenhumacidade, por mais zelosa tenha sido sua administração, pode estar a salvo se asprecipitações pluviométricas atingirem os índices gaúchos. Ouvi de um geólogo,estes dias, que Nova Iorque estaria totalmente submersa se recebesse chuvaigual.

 

Aroteirista Flávia Boggio valeu-se das circunstâncias para reescrever contosinfantis, agora sob a vertente das mudanças climáticas. Assim é que o“Chapeuzinho Vermelho”, em vez de encontrar a floresta, encontrou um deserto. Aárea foi devastada pela parte ogro do agro. Ainda foi acusada de se comunista,por causa da cor de seu chapéu. Nem encontrou a avó, que morreu porque seuplano de saúde foi cancelado.

 

“Brancade Neve” não adormeceu, mas morreu com a maçã contaminada por agrotóxicos. “OsTrês Porquinhos”, diante da especulação imobiliária, só conseguiram comprar umúnico estúdio de dez metros quadrados. O lobo derrubou-o facilmente, porque asparedes são de drywall. E jantou os três porquinhos.

 

Quantoà “Cigarra e formiga”, esta alertou a amiga: prepare-se para as chuvas. Acigarra debocha e diz que tem mais o que fazer, inclusive devorar a vegetaçãolocal, prestigiar o agronegócio e privatizar os formigueiros. Mas a chuvachegou e inundou tanto a casa da cigarra, como todos os demais formigueiros.

 

Outrashistórias podem ser contadas assim. “João e Maria” também não se perdem nafloresta, mas no deserto. O “patinho feio” não tem mais lago para se mirarquando se transformar em cisne. O “gato de botas” é agora o “gato de galochas”e a “Sereiazinha” não consegue mais ficar no mar, contaminado por plásticos epor substâncias químicas despejadas de forma inclemente, assim como o esgotodoméstico do saneamento que não se faz.

 

Atéo encanto da infância se compromete com a fealdade do mundo que os adultosestão construindo, o planeta sem água, sem verde, sem vida. É isso o que nósqueremos para as nossas crianças? E o que estamos fazendo para que isso nãoaconteça?

 

José Renato Nalini é Reitor daUNIREGISTRAL, docente da Pós-graduação da UNINOVE e Secretário-Executivo dasMudanças Climáticas de São Paulo.    





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