Começar em casa
Nuncaesteve tão próximo o perigo de se encerrar a aventura humana em curso por esteplaneta. O aquecimento global é o mais grave risco já registrado sobre qualquerespécie de vida, inclusive a dos animais racionais. Só que os poderosos não sepreocupam com isso. Continuam a explorar combustíveis fósseis, a expelir osgases venenosos causadores do efeito-estufa. Compromissos assumidos como oProtocolo de Quioto e o Acordo de Paris ficam a enfeitar escaninhos. Não surtemefeito, porque não são cumpridos.
Aincoerência está na atitude dos grandes emissores, mas também na posturaconfortável dos pequenos. Dentre estes, com algum esforço, pode ser incluído oBrasil. Em nossa Pátria, a maior causa de emissão dos gases venenosos é odesmatamento. Incrível ouvir falar em “desmatamento zero” para 2030. Por quenão já? Porque não há vontade política, menos ainda competência para cuidardessa questão dramática.
Numperíodo em que o Brasil arde em chamas, com destruição de habitats, de animais,de plantações, de mata nativa, de moradias, com a fumaça atingindo todo oterritório e o espetáculo surreal de incêndio na região mais úmida do planeta –o Pantanal – não faz sentido viajar, levar comitivas para o estrangeiro,enquanto a nação vira cinzas.
Masnão há inocentes no cenário de descaso, inércia e omissão. Qualquer pessoasensível e consciente pode fazer a diferença. Importunar os parlamentares emquem votou, para que assumam o desafio de resolver a questão dos créditos decarbono, de criar a autoridade climática, de punir os incendiários, de acabarcom a criminalidade organizada e sofisticada que extermina a Amazônia e outrosbiomas.
Cuidarde sua cidade, pois é no município que as pessoas vivem, não na União ou noEstado. A União existe para servir à população, não o contrário. Compenetrar-sede que existem ferramentas muito fáceis e pouco dispendiosas para melhorar omicroclima local: chamam-se árvores. A árvore, neste momento crucial, é a maioramiga da vida humana. Ela não faz apenas sombra. Ela gera água. E a escassezhídrica também está à espreita.
Vamoscomeçar em casa e, se conseguirmos converter mais pessoas, nem tudo aindaestará perdido.
José Renato Nalini é Reitor daUNIREGISTRAL, docente da Pós-graduação da UNINOVE e Secretário-Executivo dasMudanças Climáticas de São Paulo.
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