Planeta morto
Avida é um dom gratuito, concedido a todos os animais e vegetais. Como égratuito, passa-se a considera-lo sem valor. É o que explica o desaparecimentode tantas espécies de nossos irmãos, os que consideramos irracionais. Os quesão chamados, singelamente, animais.
Umestudo denominado “Planeta Vivo”, elaborado pela ONG WWF e publicado poucosdias antes da frustrada COP16 da biodiversidade, realizada na Colômbia,demonstra que 73% da população de animais selvagens já desapareceram.
Éo percentual de redução do tamanho das populações, grupos de animais de umamesma espécie e que compartilham um habitat comum. São mais de cinco mil equinhentos vertebrados, entre mamíferos, aves, peixes, répteis e anfíbios, queformam trinta e cinco mil populações, que minguaram. O controle é feito pelaSociedade Zoológica de Londres desde 1998. A cada ano que passa, menos animaisem cada grupo.
Éum dado preocupante para avaliar a saúde dos ecossistemas naturais, comevidentes consequências para a saúde humana, para a alimentação e para a mudançaclimática.
Oshumanos, tão ciosos de sua superioridade sobre as demais espécies, esquecem-sede que o sistema vida é um intrincado e complexo elo que vincula cada qual e oconjunto todo, que não suporta destruição na sequência existencial. Rompido umelo, os outros sentirão e registrarão essa perda.
Adestruição do verde implica em desaparecimento de espécies chamadasirracionais, cuja redução vai causar crises devastadoras no ambiente eafetarão, inevitavelmente, a saúde e a sobrevivência dos pretensiososintegrantes da categoria humana.
Estamoscaminhando rapidamente para transformar o “Planeta Vivo” em “Planeta Morto”.Será que nos damos conta disso ou marchamos, inadvertida ou descuidadamente,rumo ao apocalipse?
Quemainda tiver um resíduo de juízo deverá se questionar: sou parte da possível eeventual solução, ou integro a parte maligna daqueles que se encarregaram decolocar um termo à esplêndida aventura humana sobre o planeta?
José Renato Nalini é Reitor da UNIREGISTRAL,docente da Pós-graduação da UNINOVE e Secretário-Executivo das MudançasClimáticas de São Paulo
COMENTÁRIOS