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Santa Bárbara,04/12/2024

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Gente ultraprocessada

Gente ultraprocessada


Comemosmal. Alimentamo-nos com ultraprocessados, algo que sequer pode ser chamado“comida”. O que compramos para comer pode ser resto da indústria do bioetanol edo milho. Serviria apenas como alimento industrial para animais, não pode serreaproveitado para consumo humano. Só serve para nos viciar, nos manter refénsdessa indústria nociva, para engordar e para levar nosso dinheiro.

 

Quemdiz isso não sou eu. É o infectologista britânico Chris van Tulleken, que atuano Hospital de Doenças Tropicais em Londres e é professor na University CollegeLondon – UCL. Ele escreveu o livro “Gente ultraprocessada: por que comemos coisasque não são comida e por que não conseguimos parar de comê-las”, publicado pelaEditora Elefante.

  

Oconceito de ultraprocessado é brasileiro e faz parte da classificação NOVA,criada pelo médico Carlos Monteiro e seus colegas do Núcleo de PesquisasEpidemiológicas em Nutrição e Saúde – NUPENS, da USP. Para resumir, esseproduto se submeteu a processos industriais diversos e contém ingredientes queninguém usa na cozinha doméstica: aromatizantes, corantes, conservantes,emulsificantes e outros aditivos.

  

Osultraprocessados estão na base da pandemia de sobrepeso e obesidade. O médico pretendeque os pais, principalmente as mães, sintam nojo dessa pretensa comida, antesde fornecê-la a seus filhos. Para o médico, “é a comida mais nojenta de todas,se você parar para pensar”.

 

Aideia de ultraprocessado não está apenas nos alimentos. Tudo é ultraprocessadoem nossa época: os celulares, a música, tudo a observar os mandamentos dosconglomerados industriais que ganham com isso. com sacrifício da natureza e daaventura humana: essa indústria emite os gases de efeito estufa, destrói acapacidade do planeta de absorver esses gases, pois exterminamos a florestapara cultivar soja, palma e criar gado.

 

Étriste concluir que, nos últimos 150 anos, a comida se tornou “não comida”.Foram as mulheres que conseguiram extrair energia e nutrientes de milhares deplantas e animais diferentes. As empresas conseguiram fazer com que as mulheresnão cozinhem mais e pagaram cientistas habilidosos para desenvolver a comidaque vicia. Quem não quer continuar a ser cobaia, deve ler esse livro.

 

José Renato Nalini é Reitor daUNIREGISTRAL, docente da Pós-graduação da UNINOVE e Secretário Executivo dasMudanças Climáticas de São Paulo.   





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