Desvilanizar a construção civil
Aconstrução civil é uma das vilãs do aquecimento global. As mudanças climáticasexigem postura consequente por parte de todos, principalmente das empresas econglomerados que continuam a exercer atividades poluentes. O uso de madeira éuma das alternativas para reduzir a pegada de carbono, que existe desde afabricação de cimento, deriva da obra pronta e persiste no desperdício dematerial, que ainda é grande.
Hoje,a construção de madeira começa antes do canteiro de obras. Fabricam-se placasde madeira e a operação final é o encaixe das peças, o que torna muito maisrápida a entrega. O Brasil é rico em madeiras e a tecnologia consegue otratamento prévio, para eliminar o receio de cupins, fungos e também paraevitar a combustão.
AEuropa, sempre mais à frente, incentiva a edificação com madeira, pois leva asério a descarbonização. Em Suzano, há uma obra residencial multipavimentos emmadeira, chamada Aurora 275. É um prédio híbrido com dez apartamentos em seispavimentos e 22,5 metros de altura. Usou madeira engenheirada, isto é, peçasmaciças feitas a partir de camadas de madeira colada industrialmente.
Avantagem é que essa edificação é carbono negativo, já que a madeira substitui oconcreto. Aos poucos, a consciência atinge setores diversificados, como umcentro de treinamento de futebol e parte da nova obra do aeroporto de RibeirãoPreto. Ainda estamos trinta anos atrasados em relação ao mercado europeu.
Comarquitetos criativos, que seguem a linha dos grandes nomes brasileiros, comoOscar Niemeyer, Villanova Artigas, Jean Maitrejean e tantos outros, seriainteressante que a poderosa empresa da construção civil olhasse com bons olhosessa nova perspectiva, para melhorar a reputação de um setor que contribui parao agravamento das emergências climáticas nas grandes conurbações.
AsFaculdades de Arquitetura precisam explorar esse nicho e os mais abonados, quepodem favorecer essa mudança de rumo, deveriam dar exemplo, encomendandoprojetos para edificação em madeira. Seria um ganha-ganha para todos,principalmente para o sofrido ambiente urbano.
José Renato Nalini é Reitor daUNIREGISTRAL, docente da Pós-graduação da UNINOVE e Secretário-Executivo dasMudanças Climáticas de São Paulo.
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