Tem de trabalhar duro
Confortador verificar que 80% dos brasileiros defendem a demissão de servidores por maudesempenho. A cada dez brasileiros, sete são favoráveis a uma reformaadministrativa que mude a forma de avaliar o trabalho dos servidores. Metadedos entrevistados é contra promoções automáticas por tempo de trabalho.
Paira sobre o funcionalismo público aquela pecha nem sempre aplicável de“burocratas”, “folgados”, “relapsos” e ineficientes. Sabe-se que não é assim.Porém, o servidor público precisa ser um exemplo. Se acha que ganha pouco, devedeixar o funcionalismo e procurar outra colocação ou se tornar empreendedor.
O noticiário dissemina dados preocupantes. Há um exagerado crescimento de quadrosfuncionais, principalmente no governo federal, mas também no âmbito dos Estadose dos Municípios. Essa carga pesada onera o orçamento público e suprimeotimização da capacidade de investimento.
Uma situação desfavorável do serviço público tupiniquim, comparado com o de outrospaíses, é a questão da estabilidade. Aqui, 65% de todos os servidores têmestabilidade no emprego. Na Suécia, os estáveis não passam de 1%. É muitooportuna uma reforma constitucional, para que o Brasil possa levar a sério oprincípio da eficiência, que foi incluído no caput do artigo 37 da Constituiçãoda República e que nem sempre é observado em todos os âmbitos governamentais. Asituação é a mesma no Executivo, no Legislativo e no Judiciário.
É mais do que urgente uma revisão conceitual do que deva ser o serviço público. Ainformatização, a digitalização, a utilização da eletrônica tornaram ociosasalgumas funções, cujas carreiras devem ser extintas. Manter cargos inócuos, quepodem ser substituídos pela tecnologia, é trabalhar contra o desenvolvimentonacional.
Com uma carga tributária que chega a 32,4% do PIB, uma das maiores entre osemergentes, não faz sentido que o Brasil não tenha um serviço público deexcelência, às vezes contaminado por alguns poucos que dão mau exemplo, nãotrabalham, desestimulam os bons servidores e devem ser expelidos daAdministração Pública.
Para servir à população, tem de trabalhar mais do que se estivesse na iniciativaprivada. Tem de fazer por merecer. É o povo sofrido quem paga. Ele merece omelhor.
José Renato Nalini é Reitor daUNIREGISTRAL, docente da Pós-graduação da UNINOVE e Secretário-Executivo dasMudanças Climáticas de São Paulo.
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