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Santa Bárbara,21/02/2025

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José Renato Nalini

Alguns ainda se lembram

Imagem divulgação
Alguns ainda se lembram José Renato Nalini é diretor da Uniregistral, docente da Uninove e secretário da Academia de Letras


Hátrinta anos deixava esta fase terrena o carioca Antonio Carlos Jobim, que tantoinfluenciou nossa vida. A minha, vai além da melodia de “Se todos fossem iguaisa você”, que foi tocada até em meu casamento, na Igreja do Perpétuo Socorro,cerimônia celebrada pelo Monsenhor Benedito Mário Calazans. Já me tocara amúsica “Retrato em branco e preto”, a inesquecível “Águas de Março”, até oincompreendido “Sabiá”.

 

MasTom se impôs quando se mostrou um ambientalista, muito antes de a ecologia setornar o assunto mais importante do planeta. Ele sabia o nome de todos ospássaros da fauna brasileira, sabia imitar o som de seus trinados, pios eoutras vozes canoras. Tanto que até fez um álbum, “Urubu”, em 1976.

  

Elelamentava que a humanidade não respeitasse a natureza conforme seria necessáriopara garantir a continuidade da existência humana sobre o Planeta. Durante umaentrevista, em 1984, afirmou: “Tenho pouca esperança de que o Brasil serecupere. A gente luta muito, mas parece que é uma batalha perdida. O que é queo homem quer? Cortar o mato. Escravizar a mulher. Matar o índio. Tacar fogo emtudo. A gente tem uma civilização do fogo”.

  

Lamentavaa tendência a “concretar” todo o solo disponível, que deveria servir paraacolher o verde, para permitir a infiltração de água e realimentar os lençóisfreáticos: “Cozinha-se a terra toda, depois a chuva vem e não penetra”. Foi atéprofético: “Eu acho que os homens querem destruir o mundo, e que vão conseguir.No dia em que chover enxofre, vai virar Bíblia, não é? Pode ser que acivilização seja muito avançada. Mas faz muita fumaça. É uma fumaceirasubindo... Então, é a lenha, botar o mar para baixo, matar os pássaros, edepois, quando não houver mais árvores, é botar fogo no capim – se é que elevai pegar fogo...”.

 

Vaticíniosmelancólicos de um poeta, de alguém que enxergava o mundo com os olhos d’alma,com o seu imenso coração. Milagre que alguns ainda se lembrem dele. Com oemburrecimento coletivo, com o fanatismo irado, com o cancelamento do que ébonito, suave, terno, sensibilidades como a de Tom Jobim são condenadas aocruel ostracismo da era medíocre em que fomos lançados.

 

José Renato Nalini é Reitor daUNIREGISTRAL, docente da Pós-graduação da UNINOVE e Secretário-Executivo dasMudanças Climáticas de São Paulo.   



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