José de Paiva Netto
Pedagogia de Deus

“Eu te instruirei ete ensinarei o caminho que deves seguir; e te guiarei com os meus olhos.”
(Livro dos Salmos, 32:8)
A Educação existe para libertar os povos.Mas, com aindispensável EspiritualidadeEcumênica, os sublima. Eis a Pedagogia de Deus, que prepara o indivíduopara viver a Cidadania Espiritual, Altruística, Ecumênica e Planetária,alicerçada no exercício pleno da Solidariedade, da Fraternidade e daGenerosidade.
UlyssesGuimarães (1916-1992), eminentepolítico brasileiro, traduz a necessidade do ensino ao declarar, em seudiscurso proferido a 3 de fevereiro de 1987, após ter sido eleito presidente daAssembleia Nacional Constituinte: “‘Conheceré ser livre’, dizia um dos grandes apóstolos da América, José Martí. (...) Nãohá um só exemplo de nação forte sem bom sistema de educação”.
Quantoà Pedagogia de Deus, ela foi antevista pelo saudoso fundador da Legião da BoaVontade, Alziro Zarur (1914-1979), nos anos 1950 e propõe a educação e a reeducação do EspíritoEterno do ser humano firmadas em “Jesus, o Grande Educador dos Povos”, na definição do criador daLBV. Zarur também atestou: “O NovoMandamento de Jesus — ‘Amai-vos como Eu vos amei’ — é a Essência de Deus”.
Justamente por isso, afirmo, o MandamentoNovo do Cristo é a Essência da Pedagogia de Deus. Não há nada mais ilustrativo que o AmorFraterno, isto é, a vivência do espírito da Caridade, pois este sim vencequalquer empecilho e barreira, por maiores que sejam. Zarur ensinava que “Deuscriou o ser humano de tal forma que ele só pode ser feliz praticando o Bem”.
OCristo, que é ecumênico por excelência, veio pessoalmente há dois mil anosexemplificar isso. E exercitar a Ordem Suprema de Jesus implica a capacidade dededicar-se ao próximo, mesmo àqueles que possam considerar-se nossos inimigos.Assim, aprendemos, sem insidiosa conivência com o erro, a conviver e, amando —a Verdade, a Fraternidade e a Justiça —, a edificar a Paz.
Nãofoi sem razão que o Sublime Pedagogo nos recordou esta esperançosa profeciaanotada por Isaías: “Está escritonos Profetas: E serão todosensinados por Deus” (54:13).E ainda: “Todo aquele que do Pai temouvido e aprendido, esse vem a mim” (Evangelho de Jesus,segundo João, 6:45).
Natureza cética e essência espiritual
Sobrea vivência do nobre sentimento universal — o Amor Fraterno —, traduzido pormeio de inúmeros gestos, atitudes, expressões, no mesmo diapasão bíblico,manifesta-se o filósofo escocês DavidHume (1711-1776). No seu Tratado sobre a naturezahumana, referindo-se ao “intercâmbio de sentimentos”, capazesde estabelecer “padrões gerais inalteráveis” de costumes ecaracteres em sociedade, declarou: “Mediante esses princípios, podemos,com facilidade, explicar o mérito que comumente se atribui àgenerosidade, ao respeito humano, à compaixão, à gratidão, à amizade, àfidelidade, à dedicação, ao desprendimento, à prodigalidade, e a todasas outras qualidades que formam o caráter bom e benevolente. Uma propensão asentimentos afetuosos torna um homem agradável e útil em todos os aspectos davida; e imprime uma direção apropriada a todas as suas outras qualidades, asquais, de outro modo, podem se tornar prejudiciais à sociedade. (...)”.
Econcluiu o pensador: “É digno de ser notado que nada comove mais ahumanidade do que um exemplo de extraordinária sensibilidade no amor ou naamizade, em que uma pessoa presta atenção às menores preocupações de seu amigoe está disposta a sacrificar por ele seus mais importantes interesses”.
Belaassertiva do empirista britânico. Devemos aproveitar o ensejo para ressaltarque o processo de construção do saber não ocorre apenas pelas vias daracionalidade pura, ou somente pelos palpáveis cinco sentidos humanos, comodefendia Hume, desprovidos de um conhecimento que antecede o corpofísico. Já discorri reiteradas vezes sobre o assunto: não somos umaperemptória caixa de detritos biológicos, composta de carne, músculos eossos, pois nossa essência é espiritual.
Liçãoque o Santo Evangelho de Jesus, segundo João, 6:63, nos provoca aoraciocínio: “O Espírito é o que vivifica; a carne para nadaserve; as palavras que Eu vos tenho dito são Espírito e Vida”.
José de Paiva Netto ―Jornalista, radialista e escritor.
paivanetto@lbv.org.br — www.boavontade.com
COMENTÁRIOS