Em um ano de atividade, atendimento psicossocial na DDM acolhe 126 mulheres
Serviço faz parte do programa Mulher de Atitude, mantido pelo SSPCIC, em parceria com a prefeitura e com o governo do Estado; Casa Abrigo Recanto Vida também é abrangida por este programa
Em setembro completou um ano o atendimento psicossocial na DDM (Delegacia de Defesa da Mulher) de Santa Bárbara d´Oeste. Nesse período, um total de 126 mulheres foi acolhido pela psicóloga e assistente social do programa Mulher de Atitude.
O convênio entre prefeitura e SSPCIC (Serviço Social em Promoção da Cidadania Imaculada Conceição) foi assinado em setembro do ano passado e o atendimento humanizado começou em 2 de outubro de 2023.
O primeiro ano foi para desbravar os serviços e, agora, a intenção é aprimorar ainda mais o fluxo de atendimento. A meta é fazer o atendimento e escuta humanizados e acolhimento.
A psicóloga Giovanna Pagiatto Martins informou que fica a critério das mulheres passarem pelo atendimento psicossocial. Aquelas que chegam na delegacia machucadas, assustadas e chorando são priorizadas, antes mesmo do registro do boletim de ocorrência.
Normalmente, as vítimas chegam na delegacia bastante fragilizadas, especialmente com dependência emocional dos agressores. Uma boa parte delas também tem um histórico de violência desde a infância.
A assistente social Leila Magali Sant´Anna disse que tem notado que a maioria das mulheres atendidas neste ano é originária das regiões Norte e Nordeste, que se mudaram em busca de melhores condições de vida, mas que enfrentam os mesmos obstáculos em seu estado de origem, como dificuldade de conseguir emprego em razão da baixa escolaridade.
No caso da assistente social, a intenção é olhar todo o contexto, não apenas a questão pontual, para saber como vive, de onde vem, se enfrentou violência na infância, as relações pessoais, as causas da violência, entre outros assuntos. Junto com a vítima, a assistente social ajuda montar um plano para interromper o ciclo da violência.
A psicóloga do serviço comentou que os policiais civis lotados na DDM mencionam que a rotina mudou com a presença das profissionais, em razão do fluxo de atendimento e acolhimento das mulheres e dependentes. “Trouxe um olhar mais voltado para questões sociais e psicológicas”, disse Giovanna.
“A mulher não quer vir aqui para fazer um boletim de ocorrência. Ela quer alguém que a olhe, a enxergue e a escute”, completou Leila.
“A pessoa que passa por aqui sai impactada pelo atendimento. Tivemos vários casos que passaram por aqui nesse um ano que deixaram sua marca. Recentemente, um caso que me emocionou foi a união de uma mãe com seus filhos, o que a ajudou a superar a violência sofrida. Fiquei bem emocionada”, afirmou Giovanna.
A assistente social responsável pelo programa, irmã Maria Geni de Brito, destacou a importância do programa. “As profissionais na DDM deram uma leveza no trabalho dos policiais e na qualidade do atendimento, além de segurança no trabalho desenvolvido”, disse a irmã Geni.
ABRIGAMENTO
Há alguns critérios para as mulheres serem encaminhadas à Casa Abrigo. Entre eles estão falta de rede de apoio para acolher a vítima de forma segura, como casa de parentes, e concessão de medida protetiva para afastamento do agressor, em caso de ameaça e violência grave.
Irmã Geni disse que a demanda ficou acima do esperado, inclusive com atendimento de crianças e adolescentes vítimas ou que presenciaram as cenas de agressão, o que exigiu uma formação específica para atendimento desse público. Os casos de abusos sexuais também exigiram uma escuta mais especializada, para evitar ainda mais revitimização das vítimas.
MOTIVAÇÕES
A violência doméstica é um fenômeno complexo, influenciado por diversos fatores, como sociedade machista, predominância do sistema patriarcal, histórico de violência familiar, abandono e negligência, disse Giovanna.
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