Câncer de rim: biópsia pode ser decisiva para o tratamento adequado

Procedimento minimamente invasivo pode evitar cirurgias desnecessárias e direcionar tratamentos mais precisos
A descoberta de um nódulo no rim costuma gerar apreensão aos pacientes. Surge então a dúvida: todo tumor renal precisa ser operado imediatamente? Especialistas apontam que nem sempre. A biópsia renal é um recurso diagnóstico valioso que pode mudar completamente o rumo do tratamento. A técnica percutânea guiada por ultrassom é um procedimento minimamente invasivo, sem cortes, que permite identificar se o nódulo é realmente um câncer ou outra condição benigna — muitas vezes evitando cirurgias desnecessárias ou ajudando a definir melhor a estratégia terapêutica.
De acordo com o ultrassonografista e especialista em biópsias, Dr. Bruno Farnese, a biópsia renal guiada por imagem pode esclarecer com rapidez o tipo exato da lesão. “Este exame permite identificar se o nódulo é um tumor benigno ou um tumor maligno, como o carcinoma, linfoma, metástase e até mesmo infiltração leucêmica — e direcionar o tratamento mais adequado com mais segurança e agilidade”, explica.
Quando a biópsia renal é indicada?
Embora muitos tumores renais ainda sejam tratados diretamente com cirurgia, existem situações em que a biópsia guiada por imagem é altamente recomendada:
* Pacientes com doenças clínicas importantes associadas, como insuficiência cardíaca e doença renal crônica, em que uma cirurgia deve ser cuidadosamente planejada.
* Suspeita de metástase renal de outro câncer em tratamento (como mama e pulmão) ou até mesmo infiltração renal por tumores de origem em células sanguíneas, como o linfoma e infiltração renal em alguns casos de leucemia.
* Diferenciar tumores benignos de tumores malignos.
* Pacientes com rim único ou função renal já comprometida.
* Antes da realização de tratamentos não cirúrgicos, como as ablações do tumor guiadas por imagem.
Operar nem sempre é a melhor opção
Um exemplo recente foi o da atriz Susana Vieira, que, em 2024, foi diagnosticada com câncer no rim enquanto estava em cartaz com a peça Shirley Valentine. “Em casos como esse, com suspeita de tumor renal, pode ser discutido com a equipe médica o benefício da realização da biópsia do rim como parte da estratégia de definição do tratamento”.
Segundo Farnese, uma das grandes vantagens da biópsia é a agilidade nos resultados e a recuperação rápida. “O procedimento é realizado em ambiente de Hospital Dia – quando se tem assistência intermediária entre a internação e o atendimento ambulatorial, para realização de procedimentos clínicos, cirúrgicos, diagnósticos e terapêuticos, que requeiram a permanência do paciente na Unidade por um período máximo de 12 horas – sem cortes ou necessidade de pontos, com alta hospitalar após algumas horas. Em serviços especializados em Belo Horizonte (MG), o resultado da biópsia é liberado com urgência em cerca de 24 horas úteis após a realização do procedimento, o que permite iniciar o tratamento adequado sem atrasos”, destaca.
A biópsia renal proporciona uma abordagem mais personalizada, especialmente em pacientes com outras comorbidades. Ela contribui para evitar diagnósticos equivocados e procedimentos invasivos desnecessários, garantindo que cada paciente receba o cuidado mais apropriado para o seu caso.
O especialista reforça ainda que, com base no resultado da biópsia, diferentes estratégias podem ser
adotadas — desde a cirurgia convencional ou robótica até tratamentos não cirúrgicos, como imunoterapia, ablação do tumor por radiofrequência ou microondas. “A definição da melhor conduta depende do tipo de tumor, estágio da doença e condições clínicas do paciente”, conclui.
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