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Santa Bárbara,28/04/2025

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Cardeal Parolin, Papa Francisco: acolher o seu legado e torná-lo vida vivida

Redação/Vatican News
Cardeal Parolin, Papa Francisco: acolher o seu legado e torná-lo vida vivida Missa em sufrágio do papa Francisco no Vaticano

Na homilia da missa em sufrágio do Papa Francisco, o cardeal Pietro Parolin enfatizou que "a imagem inicial que o Evangelho nos oferece neste domingo pode representar bem o estado de espírito de todos nós, da Igreja e do mundo inteiro. O Pastor que o Senhor deu ao seu povo, o Papa Francisco, terminou a sua vida terrena e deixou-nos. No entanto, o Evangelho nos diz que é nestes momentos de escuridão que o Senhor vem até nós com a luz da ressurreição, para iluminar os nossos corações".

Vatican News

O cardeal Pietro Parolin presidiu a missa, na Praça São Pedro, em sufrágio do Papa Francisco, no segundo dia dos Novendiais, neste 27 de abril, Domingo da Misericórdia.

A celebração eucarística deste II Domingo de Páscoa contou com a participação de adolescentes provenientes de várias partes do mundo.

Segue, na íntegra, a homilia do cardeal Pietro Parolin na missa em sufrágio do Papa Francisco.

Queridos irmãos e irmãs,

Jesus Ressuscitado aparece aos seus discípulos, enquanto estavam fechados no cenáculo com medo, com as portas fechadas (Jo 20, 19). O seu estado de espírito está perturbado e o seu coração triste, porque o Mestre e Pastor, que tinham seguido deixando tudo, foi pregado na cruz. Viveram coisas terríveis e sentem-se órfãos, sozinhos, perdidos, ameaçados e indefesos.

A imagem inicial que o Evangelho nos oferece neste domingo pode representar bem o estado de espírito de todos nós, da Igreja e do mundo inteiro. O Pastor que o Senhor deu ao seu povo, o Papa Francisco, terminou a sua vida terrena e deixou-nos. A dor pela sua partida, a tristeza que nos assalta, a perturbação que sentimos no coração, a sensação de desorientação: estamos a viver tudo isto, como os apóstolos entristecidos pela morte do Senhor.

No entanto, o Evangelho diz-nos que é precisamente nestes momentos de escuridão que o Senhor vem até nós com a luz da ressurreição, para iluminar os nossos corações. O Papa Francisco lembrou-nos disso desde a sua eleição e repetiu-o a nós muitas vezes, colocando no centro do seu pontificado a alegria do Evangelho que – como escreveu na Evangelii gaudium – «enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus. Quantos se deixam salvar por Ele são libertados do pecado, da tristeza, do vazio interior e do isolamento. Com Jesus Cristo, renasce sem cessar a alegria» (n. 1).

A alegria pascal, que nos sustenta na hora da provação e da tristeza, hoje é algo que quase se pode tocar nesta praça; é visível sobretudo nos vossos rostos, queridos meninos e adolescentes que viestes de todo o mundo para celebrar o Jubileu. Vós vindes de muitos lugares: das dioceses da Itália e da Europa, dos Estados Unidos à América Latina, da África à Ásia e dos Emirados Árabes... convosco está aqui realmente presente nesta Praça São Pedro, esta manhã, o mundo inteiro!

A todos vós, dirijo uma saudação especial, que dirijo também aos bispos que vos acompanharam, aos sacerdotes, aos catequistas, aos responsáveis ​​dos vossos grupos. Uma saudação especial com o desejo de vos fazer sentir o abraço da Igreja e o carinho do Papa Francisco, que teria desejado encontrar-vos, olhar-vos nos olhos e passar no meio de vós para vos saudar.

Diante dos muitos desafios que estais chamados a enfrentar – recordo, por exemplo, o da tecnologia e da inteligência artificial, que caracteriza particularmente a nossa época –, nunca esqueçais de alimentar a vossa vida com a verdadeira esperança, que tem o rosto de Jesus Cristo, vivo e ressuscitado em sua Igreja. Com Ele, nada será demasiado grande ou difícil! Com Ele, nunca estareis sozinhos nem abandonados a vós mesmos, nem sequer nos momentos mais sombrios e mais difíceis de vossa vida! Ele vem ao vosso encontro ali onde vos encontrais, para vos dar coragem para viver, a coragem para partilhar as vossas experiências, as vossas preocupações, os vossos dons, os vossos sonhos, a coragem para ver no rosto de quem está próximo ou distante um irmão e uma irmã a amar, a quem tendes tanto para dar e, ao mesmo tempo, de quem tendes tanto para receber, a coragem para vos ajudar a ser generosos, fiéis e responsáveis na vida que vos espera, para vos fazer compreender o que mais importa na vida: o amor que tudo compreende e tudo espera (cf. 1 Cor 13, 7).

Hoje, segundo domingo da Páscoa, Domingo in Albis, celebramos a festa da Divina Misericórdia.

É precisamente a misericórdia do Pai, maior do que os nossos limites e os nossos cálculos, que caracterizou o Magistério do Papa Francisco e a sua intensa atividade apostólica, juntamente com o desejo de a anunciar e partilhar com todos – o anúncio da boa nova, a evangelização –, que foi o programa do seu pontificado. Ele lembrou-nos que «misericórdia» é nome próprio de Deus e, portanto, ninguém pode colocar limites ao seu amor misericordioso, com o qual Ele quer levantar-nos e tornar-nos pessoas novas.

É importante, queridos irmãos e irmãs, acolher como um precioso tesouro esta indicação na qual o Papa Francisco tanto insistiu. E – permiti-me dizê-lo – o nosso carinho por ele, que se manifesta nestas horas, não deve permanecer uma simples emoção do momento; devemos acolher o seu legado e torná-lo vida vivida, abrindo-nos à misericórdia de Deus e tornando-nos também nós misericordiosos uns para com os outros.

A misericórdia leva-nos de novo ao coração da fé. Lembra-nos que não devemos interpretar a nossa relação com Deus e o nosso ser Igreja segundo categorias humanas ou mundanas, porque a boa notícia do Evangelho é, antes de mais nada, a descoberta de sermos amados por um Deus que tem entranhas de misericórdia e ternura por cada um de nós, independentemente dos nossos méritos; lembra-nos, além disso, que a nossa vida é tecida de misericórdia: só podemos levantar-nos após as nossas quedas e olhar para o futuro se temos alguém que nos ama sem limites e nos perdoa. E, por isso, somos chamados a comprometer-nos em viver as nossas relações não segundo critérios calculistas ou ofuscados pelo egoísmo, mas abrindo-nos ao diálogo com o outro, acolhendo quem encontramos no caminho e perdoando as suas fraquezas e os seus erros. Só a misericórdia cura, só a misericórdia cria um mundo novo, extinguindo os focos de desconfiança, ódio e violência: este é o grande ensinamento do Papa Francisco.

Jesus mostra-nos este rosto misericordioso de Deus na sua pregação e nos gestos que realiza; e, como ouvimos, ao apresentar-se no Cenáculo após a ressurreição, oferece o dom da paz e diz: «Àqueles a quem perdoardes os pecados, ficarão perdoados; àqueles a quem os retiverdes, ficarão retidos» (Jo 20, 23). Assim, o Senhor Ressuscitado determina que os seus discípulos, a sua Igreja, sejam instrumentos de misericórdia para a humanidade, para aqueles que desejam acolher o amor e o perdão de Deus. O Papa Francisco foi testemunha luminosa de uma Igreja que se inclina com ternura perante os feridos e cura com o bálsamo da misericórdia; e recordou-nos que não pode haver paz sem o reconhecimento do outro, sem a atenção aos mais fracos e, sobretudo, nunca pode haver paz se não aprendermos a perdoar-nos reciprocamente, usando entre nós a mesma misericórdia que Deus tem para com a nossa vida.

Irmãos e irmãs, precisamente neste domingo da misericórdia, recordamos com carinho o nosso amado Papa Francisco. Esta memória está particularmente viva entre os funcionários e fiéis da Cidade do Vaticano, muitos dos quais estão aqui presentes, e a quem gostaria de agradecer pelo serviço que prestam diariamente. A vós, a todos nós, ao mundo inteiro, o Papa Francisco envia do Céu o seu abraço.

Confiemo-nos à Virgem Maria, a quem ele estava tão devotamente ligado que escolheu repousar na Basílica de Santa Maria Maior. Que Ela nos proteja, interceda por nós, vele pela Igreja e sustente o caminho da humanidade na paz e na fraternidade. Assim seja.

Fonte: Vatican News





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